Bem vindo ao Café com Anime, sua dose semanal de bom papo e animação japonesa!
Nessa temporada, o Finisgeekis, Anime21, Dissidência Pop e É Só um Desenho discutem Happy Sugar Life.
Existem amores doces, amores amargos e amores perros. E existem não-amores que excitam (e doem) mais que os três juntos. Duvida? Esse episódio dá a prova em contrário.
Confiram:
- Vinicius Marino
Vou direto ao ponto: eu AMO essa cena. Amei quando li o mangá e amei vê-la animada, sobretudo com uma produção como essa.
Ela é o momento em que a cortina é arrancada e enxergamos a Satou exatamente como ela é. Alguém que está disposta a usar o sexo ao seu favor – não se fazendo de isca, como dita o cliché, mas de uma maneira agressiva, quase predatória.
E ela não faz isso sem titubear, como faria um psicopata. Pelo contrário, ela sofre. Lava a boca depois de beijar a colega de trabalho, como se aquilo a enojasse. Reflete – e conclui! – que essa traição é um crime mais grave que assassinar os ocupantes da casa em que mora!
É o tipo de cena que me fez (e ainda me faz) coçar a cabeça. Será que nós entendemos que tipo de predadora Satou é? A cada episódio, eu tenho menos certeza.
E tudo graças ao drama da cena em si. Erotismo – sobretudo no campo yuri – muitas vezes é menosprezado como fanservice. Eis aqui, pelo contrário, uma cena calorosamente erótica que se vale da sensualidade para transmitir o mais profundo terror. - Gato de Ulthar
Essa cena foi intensa, o pior é que bem nessa hora a minha noiva entrou na sala e pensou que eu estava vendo algum hentai yuri
Eu ri bastante neste episódio, será que essa é uma reação normal? Ocorre que achei hilário a cena da amiga do Satou na casa do loirinho pedófilo, a cara dela de WTF? foi impagável.
A solução da Satou para a companheira de trabalho foi a mais esperta, pois, pelo menos por um tempo, ela possui uma pessoa totalmente dedicada a ela e capaz de fazer qualquer coisa.
Interessante o que o Vinicius falou. A Satou não é uma psicopata, ela estaria mais para uma sociopata de outra espécie. Seus valores são totalmente invertidos, ela está desassociada dos padrões sociais vigentes, tudo que ela busca é a satisfação de seu prazer, sua Happy Sugar Life. - Diego
Também ri bastante nesse episódio. Sobretudo no confronto da Satou com a colega de trabalho Eis que temos a resposta do que aconteceria se duas yanderes se enfrentassem: ganha quem beijar a outra primeiro. Yey?
Ah, mas a colega da Satou no quarto do loirinho foi ótimo também. E foi uma mescla legal de comédia e tensão: as reações da colega foram ótimas, mas fica muito no ar a impressão de que a qualquer momento o Taiyou pode perder a noção e atacá-la. - Fábio “Mexicano”
Esse episódio foi o primeiro que se pareceu menos com “pessoas horríveis” e mais com “pessoas profundamente quebradas”. Traumatizadas mesmo, provavelmente. Ainda que o fardo de cada uma delas possa variar, o peso que carregam é subjetivo. Talvez para a Sumire seu sentimento de inferioridade por ser “uma garota sem graça, desajeitada” seja tão emocionalmente exaustivo e, nas palavras da Satou, amargo, quanto é o estresse pós-traumático para o Taiyou, sequestrado e estuprado repetidamente por sua ex-chefe.
Muita gente fez coisa errada nesse episódio, algumas muito erradas, mas já não dá para sentir apenas raiva ou nojo ou coisa parecida. Pena é o nome do sentimento. Eles se sentem tão torturados que não podem mais responder integralmente pelos próprios atos.
Infelizmente, passaram a linha sem retorno depois da qual precisam ser removidos da sociedade porque representam um risco para as demais pessoas. E infelizmente, parece que todo mundo em Happy Sugar Life passou dessa linha.
É o caso de, como Simão Bacamarte fez em O Alienista, internar todo mundo na Casa Verde – só que dessa vez é uma tragédia e todo mundo realmente precisa ser internado, ao contrário da comédia de Machado de Assis. - Vinicius Marino
Relaxem, eu acho que rir é super normal. De fato, Happy Sugar Life tem um pé no humor negro. O que não é lá tão estranho se a gente parar para pensar. Lolita, o grande clássico sobre relações pedófilas, é um romance super sarcástico, e essa dimensão parece acompanhar histórias do tipo.
Também concordo que esse episódio humanizou as personagens de um maneira que não era tão óbvia no começo. Ao retratá-las como dignas de pena, o anime consegue matar dois coelhos com uma cajadada só: evita “tomar o lado” da predadora e fazer parecer que Satou é uma heroína e, ao mesmo tempo, nos faz simpatizar com suas dores. E o mesmo vale para os eventuais antagonistas.
E falando em antagonistas, não tenho lá tanta certeza de que cooptar a colega de trabalho seja uma boa ideia. A Satou ficou positivamente transtornada com aquela sedução. Imagina se ela resolve pedir mais? Eu não acredito que a Satou consiga sustentar a máscara por muito tempo. - Fábio “Mexicano”
A situação dela no trabalho está ficando assustadora. O Taiyou tem certeza que ela sequestrou a Shio (e bom … ele está certo). A Sumire é uma bomba relógio – ela vai pedir mais, e a Satou não vai conseguir manter as aparências. Me pergunto se ela vai conseguir olhar pra cara da Sumire depois da crise em casa. E a Shouko olhou para o abismo e o abismo olhou de volta – e acusou a Satou de ser uma sequestradora. - Gato de Ulthar
Não duvido que se a situação com o Taiyou se complique ela não peça para a Sumire dar um jeito nele ou algo do gênero, daí ela somente se livre dela posteriormente. Mas é difícil antever o que a Satou vai fazer, ela não planeja nada com antecedência, ela vai improvisando a medida que as situações vão pedindo por medidas drásticas.
Mas teve uma coisa que me deu um pouco de medo em relação à Shio, quando a menina confessou que mentiu para a Satou, fiquei com certo receio de que ela poderia se tornar violenta e punir a garotinha. - Vinicius Marino
E vocês não acham que algo do tipo pode ter acontecido com a própria Satou? Já repararam que em todo momento de tensão ela tem o mesmo flashback envolvendo uma tia?
Uma tia, diga-se de passagem, toda machucada. Que sempre repete que “isso também é amor”. Do que vocês acham que isso se trata? - Fábio “Mexicano”
Que a tia fez algo a ela eu tenho certeza faz tempo. Só não sei se foi sexual ou não. Me pergunto se tem diretamente a ver com a forma como ela “sente” o estresse: sabor amargo. A Shio não sente gostos, ela sente que tudo está girando, o que também pode ter a ver com o momento que a traumatizou. O Taiyou sente que o seu corpo está sujo, impuro, o que é algo mais comum para quem sofre violência sexual. - Diego
Como a tia está bastante machucada, me faz pensar se a violência que a Satou sofreu não foi física ela própria também. Talvez até vinda não da tia, mas do tio: alguém tem que ter batido na mulher pra ela ficar desse jeito, né? Se for o caso, dá até pra recontextualizar essa fala da mulher não como algo sexual, mas talvez com ela dizendo que bater também é uma forma de amor (e é difícil dizer qual das duas interpretações é a pior…) - Fábio “Mexicano”
Um pai violento era o problema da casa da Shio (e parece ser ainda). Mas sua mãe tentou resolver isso, ao invés de aceitar e racionalizar como “uma forma de amor” e … mesmo assim terminou em tragédia. - Gato de Ulthar
Acho que a violência da tia seria algo mais “emocional”. Talvez essa tia seja uma madrasta que se casou com seu pai abusador. Só pelo fato da Satou ver a tia sendo espancada e dizendo que isso é amor já é suficiente para traumatizar uma criança, deturpando-lhe as noções de amor. Por isso a Satou se maravilha por sentir coisas novas com a Shio. - Fábio “Mexicano”
Lembrem-se que a Satou despreza adultos. Não acho que ela esteja de forma alguma emulando a tia (de forma consciente pelo menos), ou seja, ela não acredita que a tia estava certa. Se ela acreditasse que violência é amor, o que não faltou no anime até agora foram oportunidades para ela “amar violentamente” a Shio, e ela parece sempre escolher o caminho extremo oposto. - Gato de Ulthar
Sim, ela repudia a tia completamente. Ela experimentou várias expressões de amor, por mais deturpadas que seja, desde a tia que era abusada e gostava disso até os rapazes que diziam que a amavam somente para fazer sexo com ela.
Por isso sua idealização por um amor puro e sem mácula, tal qual uma criança pode oferecer.
Está certo que nos nossos olhos essa relação não tem nada de sadia, mas para a Satou representa a pureza do amor. Assim como que para o Taiyou a menina é um anjo.
Happy Sugar Life se baseia em deturpações de sentimentos. Não vejo ninguém sendo objetivamente mal, apenas querem seguir o que acreditam serem o certo.
O que denota certo sociopatia, já que não conseguem racionalizar que estão cometendo diversos crimes e prejudicando muitas pessoas em nome do que acreditam ser o correto. - Vinicius Marino
Eu acho que é bem por aí. A Satou está montando sua “Happy Sugar Life” como uma imagem de espelho do mundo cruel à sua volta.
Suas vida sexual com garotos era poligâmica, logo ela criou um amor exclusivamente monogâmico. Os adultos a traíram, então ela cria um mundo sem adultos. A tia (presumivelmente) sofria ou exercitava violência, então ela adota uma forma não violenta de abuso (o child grooming)
É o tipo de assunto que orbita criminosos “loucos”, se pararmos para pensar. O Curinga do Batman é um bom exemplo. O Homem que Ri, livro que o inspirou, também (embora no caso não seja um criminoso, só um marginalizado). A referência a O Alienista que o Fábio trouxe é super cabível.
Voltando para um lado mais concreto: e sobre aquela conversa entre Tayou e Shouko? Vocês acham que esse é o começo do fim? Conseguirá a Satou manter sua fantasia, ou está na hora de fazer as malas e fugir? - Gato de Ulthar
Definitivamente a Shouko ficou abalada com a ênfase que o Tayou deu que a Satou teria sequestrado a menina, e mesmo que ele estivesse totalmente fora de si, foi o suficiente para que surgisse uma pulguinha atrás da orelha da Shouko, e creio que ela ficará de olhos bem abertos na Satou. E como estamos falando de uma ficção, acho que seja bem plausível que a Satou tenha, em algum momento, que lidar com a amiga. - Vinicius Marino
Nesse tipo de história, a Shouko consegue ser o único tipo de pessoa mais perigoso que um sociopata: alguém normal
Sem esqueletos no armário, sem compulsões que a distraiam, ela é surpreendente (e perigosamente) intrometida. Foi sorte dela o Tayou não ser um pervertido violento. Outros já a teriam matado ou prendido só por ter descoberto seu segredo. - Fábio “Mexicano”
Tenho certeza que é o começo do fim. Se vai ser súbito e violento ou lento e doloroso eu não aposto ainda. E a Shouko não é totalmente normal, ela comentou para si mesma na casa do Taiyou como aquilo, uma vida normal, com uma mãe normal, era legal. Suponho que ela não tenha isso. Mas sim, até o momento ela é a “mais normal”. - Diego
Até o momento ela não é uma psicopata nem uma sociopata, e eu enfatizo bastante esse “até o momento” Eu acredito que ainda vão alguns episódios até ela realmente descobrir que a Satou está mesmo com a Shio, simplesmente porque me parece muito cedo na trama para algo do tipo. A questão é o que virá depois e qual será a atitude da Satou: chantagem, assassinato, ou se simplesmente tentará fugir com a Shio. - Vinicius Marino
Olha, eu sou péssimo para julgar se as coisas acontecerão cedo ou tarde. Tal como Mahou Shoujo Site temporada passada, Happy Sugar Life parece estar avançando a toque de caixa.
De qualquer forma, só saberemos ao certo amanhã. Ou na semana que vem. Ou na outra.
Seja como for, estaremos aqui juntos depois. Até lá!
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