O Finisgeekis, Dissidência Pop, É Só um Desenho e Anime21 compraram um desafio. Toda a semana, até o final da temporada, teremos um novo quadro a vocês.
Depois das agruras do dia, cheio de escrita, pesquisa e trabalho, nós nos sentaremos para um bom café, uma poltrona confortável – e um bate papo sobre o melhor da temporada.
Peça uma xícara você também, e mergulhe conosco no décimo primeiro episódio de Girls Last Tour:
- Vinicius Marino
Caros colegas, o que foi isso? Nunca até agora Girls’ Last Tour nos deu um episódio tão lore-driven, tão tecnicamente completo e eloquente. Armas de poder inimaginável. Animais sapientes que funcionam como “chaves mestras” da tecnologia perdida. Um indício de explicação para os deuses curiosos de episódios passados. E o primeiro cliffhanger da série até agora.
Eu estava certo, tal como vocês, de que esse anime acabaria com um “lamúrio”, não com um estrondo. Agora, não estou mais certo. Do começo ao fim, senti aqui o prenúncio de uma grande revelação. - Gato de Ulthar
Esse foi o primeiro episódio que ocorreu a sensação de continuidade, ou emenda, para um próximo episódio. Prevejo algo interessantíssimo como foi esse episódio. Elas acabam encontra um mecha, a Yuu dispara armas de destruição em massa e ri como uma psicopata enquanto a cidade queima, e a Chito dá um sopapo na cara da Yuu. Uau, que cena! - Diego
Eu acho que a cena do soco é um bom representativo desse episódio. Nós já tivemos no anime outros momentos de algo caindo nas garotas, mesmo uma cena da Yuu acidentalmente acertando a Chi na cabeça com um ferro, mas até aqui tudo isso foi tratado como slapstick e mais nada.
Mas esse soco foi diferente: foi seco, e sentido, bem longe da violência leve que vimos até aqui. Igualmente, esse episódio foi talvez o mais pesado, sendo o momento em que as garotas finalmente entendem a extensão do poder das armas humanas – e mesmo assim, talvez bem mais esteja ainda por vir.
Foi um episódio bem interessante, e imagino que seja o prenúncio do final, um encaminhamento para a finalização da série. Só um pequeno nitpicking: eles não estão, tipo, camadas e mais camadas pra cima, a um nível que seriamente me faz questionar se não deveriam já estar entrando na estratosfera? Que raios então faz um SUBMARINO nessa altura? - Gato de Ulthar
Eu pensei exatamente isso! Qual a necessidade de um submarino nuclear??? - Fábio “Mexicano”
Mesmo já acostumado com a Yuuri fazendo yuurice, assistir ela rindo feito uma maníaca depois de disparar o raio da morte foi assustador. Me fez lembrar do medo que eu tive no primeiro episódio, quando ela apontou o rifle pra Chito e a ameaçou por uma barra de ração.
E a Yuuri certamente entende a extensão do poder que a civilização antiga desenvolveu, mas ela parece tão alienada para as implicações disso. Espero que ela não tenha a oportunidade de disparar um daqueles ICBMs nucleares que encontraram no submarino.
A Yuuri literalmente gosta de ver o mundo pegar fogo.
- Vinicius Marino
Vamos começar por esse ponto então: o super mecha de destruição em massa. Preciso dizer que a primeira imagem que me veio à cabeça não foi outra que não a dos gigantes de Nausicaa: “robôs” sapientes meio-orgânicos, que basicamente provocaram o apocalipse com seu poder de destruição.
- Fábio “Mexicano”
Acho que foi inspiração proposital. Todo mundo viu os gigantes de Nausicaa (eu incluso) - Vinicius Marino
Sei que já estou soando repetitivo citando Nausicaa, mas nesses últimos episódios Girls’ Last Tour parece ter se distanciado da sua “Segunda Guerra genérica” direto para os braços de um pós-apocalipse que nos faça pensar.
A Chi percebeu – tal como a Nausicaa do Miyazaki – que há algo inerentemente terrível em uma arma capaz de obliterar milênios de civilização em questão de segundos. Sim, é a mesma questão que cerca a bomba atômica desde que surgiu, mas há algo de especialmente pavoroso (ou poético?) quando essa arma tem um “rosto” humano.
As ações da Yuu talvez sejam um alerta pernicioso de seu poder: com armas como essas, não é preciso um gênio do mal para destruir a humanidade. Basta uma ação impensada, um engraçadinho no cockpit errado, e tudo vai pelos ares.
Ou, talvez, seja um espírito de resignação. Já que tudo foi embora, porque não se divertir? Não é como se a humanidade fosse ser extinta duas vezes…. - Fábio “Mexicano”
Eu acho que a Yuuri está mais para o caso do engraçadinho irresponsável mesmo. A Chito a trata dessa forma pelo menos.
E já que falei de inspirações, acho que aquela máquina de função desconhecida que elas encontraram e que divertiu a Yuuri foi inspirada nas obras de Jean Tinguely .
Quero dizer, olha pra isso:
- Gato de Ulthar
Vejo uma mescla de temor e fascínio que o anime propõe ao lidar com esse tema. Há algo de grandioso em um dispositivo de destruição em massa, até mesmo maravilhoso.
Pensar que em um toque seu em um botão você pode obliterar uma cidade inteira? Claro que é um fascínio, mas um fascínio temeroso, que em mãos não tão sensata, como da Yuuri, pode ser verdadeiramente prejudicial.
Não posso deixar de pensar em um grande clássico do cinema dirigido pelo Kubrick, Dr. Stangelove, e seu subtítulo muito sugestivo em uma hora destas: “How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb“. - Vinicius Marino
Devo dizer que o que mais chamou minha atenção não foi nem o robô em si, mas o fato do nuko (o “gato” do futuro) ter sido capaz de ligá-lo. Quer dizer que esse… bicho (se é que animal ele de fato é) não é apenas uma criatura, mas um ser sapiente, além de chave-mestra para toda a tecnologia?
Parece que Girls’ Last Tour finalmente nos deu material para especular. O nuko sabe falar, pode comer de tudo (sobretudo metais e outros resíduos industriais) e parece ter acesso a todos os sistemas (ou, pelo menos, a capacidade de alterar seu corpo para simular uma chave de ignição).
O que vocês acham que ele é, afinal de contas? Uma espécie de androide, como os hydras de Nausicaa? Uma espécie venerada pelos humanos (daí sua similaridade com os totens religiosos)? Executores de uma inteligência superior, com o intuito de “controlar” a humanidade (como os keepers de Mass Effect)? - Gato de Ulthar
Bem apontado pelo Vinicius. Quando eu vi esse episódio, eu logo imaginei que o nuko poderia ser uma espécie de divindade para algumas pessoas, mesmo que de fato ele não seja, pois é mais provável que seja algo alienígena ou uma obra de engenharia genética.
Como o nuko só apareceu em andares superiores, dá para concluir que para aquele patamar o bichinho era comum ou utilizado para um fim prático.
Enquanto que nos andares inferiores, ele fosse adorado como uma espécie de divindade, o que demonstra que os andares possam realmente ter uma diferenciação social no que concerne o grau de desenvolvimento social dos habitantes. - Fábio “Mexicano”
Alienígenas não “casam” com o cenário. Voto em engenharia genética. Por que a humanidade precisava de animais como chaves-mestras? Eu não faço a menor ideia, mas talvez não haja uma razão tão rígida assim e isso seja só um aceno da autora a vários gêneros de ação que colocam adolescentes pilotando armamento apocalíptico e que têm mascotes, que frequentemente são mais do que apenas mascotes. Um apelo à inocência que esses animes fazem.
De todo modo, nos altos e baixos da humanidade parece que em algum momento ele passou a ser venerado como um deus. Mas lembrem-se que no templo a principal deusa não era uma salsicha, mas uma humana. Talvez tenha sido apenas uma garota normal que “salvou” a cidade junto com seus nukos e, com o tempo, passou de heroína à deusa.
E não sei se notaram, mas ele cresceu ao longo do episódio, provavelmente conforme comia lixo. - Vinicius Marino
Não tinha notado e agora estou com medo pelas nossas queridas garotas. Vamos torcer para o Nuko não virar um Darty de Stranger Things.
- Fábio “Mexicano”
Eles eram reverenciados como deuses, inclusive isso pode ser uma explicação para as estátuas de tamanhos variáveis, não acredito que, mesmo gigante, ele possa ser malevolente. Talvez dê mais trabalho de alimentar só, à la Pequena Loja de Horrores. - Diego
Francamente falando, eu totalmente consigo ver uma espécie de robô biológico ou semi-biológico com aparência de um animal fofinho se tornando algo comum em uma sociedade suficientemente avançada, sobretudo uma que parece ter extinguido toda e qualquer outra forma de vida.
Seriam companheiros ideais, e ainda com funções úteis, uma espécie de celular muito mais avançado rs Justamente por isso, acho que vou concordar com o Fábio e dizer que o Nuku provavelmente não tem nada de perigoso… se bem que eu não afirmo isso com tanta certeza porque, né, é a Yuu quem está criando o bichinho. - Vinicius Marino
Agora que você falou, lembrei-me dos “persocoms” do Chobits. Em especial aqueles pequeninos, como a Momo.
- Diego
Uma ótima comparação! (E uma imagem deveras desconfortável… os olhos do protagonista estão tããããão afastados… cruzes) - Gato de Ulthar
Acho que as vezes a questão não é se o nuko é bom ou mal. Ele pode ser perigoso com as melhores das intenções. Vá saber o que ele vai fazer quando atingir um tamanho considerável? Ele pode até ter alguma programação pré-definida. Mesmo dizendo isso, eu também acho que o nuko não especialmente perigoso. - Diego
Acho que ele ser perigoso não realmente combinaria com a atmosfera que o anime vem tendo até aqui. - Fábio “Mexicano”
O mais curioso é pensar como eles passaram a ser reverenciados. Se há um templo, certamente eles se tornaram imagens divinizadas.
E se me lembro, a Chito conseguiu ler o que estava escrito no templo, o que significa que ele é recente, talvez já da segunda civilização. - Vinicius Marino
De minha parte, não consigo tirar da cabeça os keepers da série Mass Effect. No game, eles são uns insetões meio-sintéticos completamente inofensivos que vivem na Citadel, estação espacial que hospeda o governo galático.
Eventualmente, nós descobrimos que a Citadel foi construída pelos reapers, uma raça alienígena que expurga a vida inteligente na galáxia a cada 50000 anos. Os keepers são instrumentos dos reapers, cuja função é condicionar o as espécies mais novas a fazer uso de sua tecnologia, de maneira a facilitar sua eventual assimilação.
- Fábio “Mexicano”
Olha a cara deles. É óbvio que não são inofensivos. - Vinicius Marino
Lembre-se de que em Mass Effect essa gostosura é uma opção de romance. Os games têm uma critério bem… liberal de fofura.
Voltando ao anime, outra hipótese em que pensei é que o nuko seria uma forma de vida adaptada ao “ecossistema” do pós-apocalipse. Capaz de se alimentar de detritos industriais, imitar a voz humana (tipo um papagaio) e se “moldar” para acessar máquinas (tal como alguns bichos sabem abrir fechaduras). - Fábio “Mexicano”
Eu penso que pode ser isso também, mas em comparação com as demais formas de vida do futuro (peixes, batatas, e garotas com cabeça de batata), ele passou por mudanças muito mais radicais. Parece-me ser mesmo artificial.
Até porque ele não é apenas adaptado, mas é muito útil para seres humanos, como as garotas estão descobrindo. E como provavelmente uma das civilizações perdidas devia acreditar que fossem, a ponto de deificá-los. - Vinicius Marino
Pode ser um ex-animal doméstico (artificialmente selecionado) que conseguiu viver na ausência de humanos. Tal como o próprio gato em que é baseado – e que também foi deificado por sociedades primitivas. - Fábio “Mexicano”
É quase um “intermediário” entre as duas hipóteses. Certamente possível. - Diego
Francamente falando, eu não acho que seja assim que a evolução funcione… ou no mínimo não acho que ela funcione assim no espaço de mil e poucos anos. Ponho minhas fichas no bichano ser artificial mesmo - Fábio “Mexicano”
Espécies domesticadas podem sofrer mudanças fisiológicas drásticas em tempo menor – mas tendem a reverter para o estado “selvagem” rapidamente quando abandonadas à própria sorte também. - Diego
Entre estas mudanças já esteve algo próximo de “capacidade de alterar a fisionomia para interagir com aparelhos eletrônicos”? - Vinicius Marino
Não vejo por que não. Polvos, por exemplo, têm corpos muito versáteis e um grande intelecto que permite que pensem fora da caixa. Há casos de polvos que encontraram falhas em aquários e escaparam ao mar pelo encanamento.
E há toda sorte de animais que aprendem a usar ferramentas ou a lidar com aparelhos humanos. Já vi um vídeo de uma vaca que aprendeu a abrir a portinhola do rancho com a língua. Ela deixava as colega saírem e depois voltava para dentro.
O grande problema é passar esse conhecimento para as próximas gerações. Mas nada garante que este seja o caso do Nuko. Até onde sabemos, ele pode simplesmente ter aprendido por tentativa e erro: “encaixando-se” em toda sorte de entrada para ver o que acontece. - Gato de Ulthar
A ideia de evolução é possível, mas não consigo ver ela aplicado ao caso concreto. Nuko é muito artificial e não faz correspondência a nenhum animal existente, muito menos a um gato, como a Yuu levou a crer. Ele pode ainda ser uma criatura responsável a limpar dejetos industriais, criada justamente com esse propósito.
Um mundo como aquele devia ter dificuldade em se livrar de todo o seu lixo, e o nuko seria uma boa solução. Lembrando que já há hoje em dia bactérias que se alimentam de algum detritos jogados na natureza, como o petróleo e plásticos. - Fábio “Mexicano”
Há bactérias comendo radiação em Chernobyl. - Gato de Ulthar
Sim, também. - Vinicius Marino
Já que mencionaram a radiação, vamos falar do outro elefante branco do episódio:
Não sei explicar, mas ver esse submarino nesse momento da jornada me provocou um desassossego particular. Ao contrário do hardware da Segunda Guerra no início do anime, ele me pareceu menos um fanservice tecnológico que uma lembrança de que esse mundo paralelo está ligado ao nosso pelo pior cordão umbilical possível.
Não me parece uma coincidência que tenha aparecido logo depois do mecha exibir seu poder de fogo. É como seu o anime estivesse trazendo seu argumento para perto de nós. Qual “argumento” não sei direito, mas sinto que o próximo episódio responderá a essa questão – e que nós, talvez, não gostaremos da resposta. - Diego
Continuo me perguntando porquê um submarino quilômetros acima do nível do mar Mas se for pra falar em argumentos, provavelmente será uma mensagem dos perigos da guerra. - Fábio “Mexicano”
Se isso tiver explicação, descobriremos no próximo episódio. De todo modo ele não está aí por acaso, há estruturas construídas para acessá-lo aí. - Vinicius Marino
Eu me pergunto também até que ponto o nível do mar é realmente o nível do mar. É bem possível que o mundo de Girls’ Last Tour tenha passado por algum tipo de terraformação. As inúmeras camadas da cidade em que trafegam de fato sugerem que o planeta não é mais o mesmo. - Gato de Ulthar
O submarino também me intrigou bastante. Será que ele era operável ou apenas um resquício de uma era passada? Uma peça de museu? A questão é que o motor nuclear dele ainda estava operante. tanto é que o nuko capturou o sinal.
Pode ser ainda que se possa navegar entre os vários níveis, uma espécie de oceano em “camadas”. E nesse aspecto um submarino é melhor que um barco, pois pode entrar em poços ou túneis subaquáticos sem maiores problemas. - Vinicius Marino
De fato. Bem imagino uma espécie de “Canal de Suez” vertical, que conectasse mares superiores a inferiores.
Dito isso, acho que o Fábio tem razão. Seja lá o que for, saberemos na semana que vem, nessa season finale que não poderia chegar mais rápido.
Um abraço ao leitor por nos acompanhar até aqui, e até a próxima quarta, quando terminaremos essa incrível jornada. Até lá!
Comentários
Eu acho q elas vão morrer no próximo ep.