O Finisgeekis, Dissidência Pop, É Só um Desenho e Anime21 compraram um desafio. Toda a semana, até o final da temporada, teremos um novo quadro a vocês.
Depois das agruras do dia, cheio de escrita, pesquisa e trabalho, nós nos sentaremos para um bom café, uma poltrona confortável – e um bate papo sobre o melhor da temporada.
Peça uma xícara você também, e mergulhe conosco no nono episódio de Girls Last Tour:
- Vinicius Marino
Você sabe que a coisa ficou séria quando Girls’ Last Tour troca o opening por um letreiro seco.
E nos dá as boas vindas com a versão moe de um AT-AT imperial.
Girls’ Last Tour está de volta, com seu episódio mais cerebral até agora. O que vocês acharam? - Gato de Ulthar
O que eu acho? O que eu acho? FOI O MELHOR EPISÓDIO ATÉ AGORA! Depois de episódios muito bons esse é fantástico! Para quem é fã de ficção científica e principalmente fã de robótica aplicada à ficção científica esse episódio foi um deleite completo.
Meu autor de ficção científica favorito é justamente Philip K. Dick, que em sua obra mais famosa, Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? que foi adaptado para o cinema virando o clássico sci-fi Blade Runner, é pioneiro em tratar da questão psicológica de o que é vida, e se robôs ou androides podem ser considerados como organismo vivos.
O principal diferencial de um ser vivo para uma máquina seria a capacidade de sentir empatia, por isso, em Blade Runner os androides fugidos são descobertos mediante testes de empatia. Mas e quando as máquinas simulam empatia perfeitamente? Elas podem ser consideradas vivas? Como o caso do robozinho deste episódio.
Enfim, um episódio maravilhoso, que serviu até como uma crítica ambiental, ao expor que foram realmente os seres humanos que destruíram a Terra que antes abriga diversas formas de vida. - Fábio “Mexicano”
Pela primeira vez Girls’ Last Tour é ficção científica de verdade. Eu já não esperava mais por isso, e penso que eu deveria achar isso um desperdício de potencial, afinal aquele é um mundo futurista afinal, mas eu não conseguia achar que nada estivesse sendo desperdiçado.
No final, uma mensagem já bastante comum nesse tipo de ficção científica com robôs conscientes: o que é vida? A resposta é a de sempre, mas não estou nem um pouco desapontado em ver Chito e Yuuri chegarem a ela sozinhas. E estou feliz por ver a Yuuri conseguir um novo amigo - Diego
Tematicamente o episódio não foi nada de novo, é verdade, mas a apresentação mais que compensa esse pequeno detalhe rs.
E como worldbilding foi um episódio bem interessante, e mesmo um pouco melancólico. A tal ponto que me fez pensar: nós sempre vemos as garotas indo para cima, e ficamos sem saber o que existe para baixo. Como estará a Terra? Estéril e sem vida? Teria a vida recomeçado após o fim da humanidade?
É algo que eu gostaria de ver, francamente falando. Inclusive porque: quantos níveis existem, afinal de contas? Eu achei que elas já estavam no nível mais alto, até pelo fato de termos constantes visões do céu aberto, mas pelo visto elas só estão se mantendo nas bordas de cada nível, que parecem seguir para cima como uma espécie de pirâmide… Hum, teorias de estilo “elas estão mortas e o anime é a última viagem delas ascendendo em direção ao paraíso” quando? - Fábio “Mexicano”
Com certeza já existem teorias assim. E eu continuo achando que a autora não está preocupada em criar um mundo coeso. Divirtam-se pensando em teorias - Diego
Ah, eu concordo com isso, mas especular segue sendo divertido kkkkk - Vinicius Marino
De fato, esse foi o episódio mais “carregado” de bagagem sci fi até agora. Vamos começar por aquela que o Gato e o Fábio levantaram: as máquinas “vivas”.
Essa é uma questão celebrada na ficção científica, mas há muito tempo já é abordada também por cientistas. Na verdade, existe um campo de estudo chamado vida artificial dedicado a simular organismos vivos em computadores e outros sistemas.
Embora isso pareça coisa futurista, pesquisas do tipo existem há décadas. Um os pioneiros no desenvolvimento de máquinas auto replicantes é ninguém menos que John von Neumann, o famoso cientista e inventor. Na verdade, os trabalhos de von Neumann foram tão influentes que batizaram um topos super famoso na ficção científica: as sondas von Neumann. Elas são basicamente naves espaciais não tripuladas capazes de se autorreplicar. Se o nome soa estranho, uma imagem talvez pareça familiar: um de seus exemplos mais conhecidos é o monólito do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço.
Não sei se vocês perceberam, mas no episódio dessa semana, o robô pequeno apareceu ao lado de vários robôs similares, desativados. Seria ele, também, uma “sonda von Neumann” , capaz de “construir” seu sucessor quando sua vida útil estiver perto do fim? Podemos apenas especular. - Fábio “Mexicano”
A minha impressão, até pelo contexto (ele estava falando como ele e o grandão eram os últimos), é que eram apenas robôs que haviam parado de funcionar. Como ele é capaz de fazer soldas, como visto no final do episódio, talvez reuse partes dos robôs desativados, mas só isso. - Gato de Ulthar
O que me comoveu foi a capacidade do robô se tornar um novo amigo das garotas, não menos que o Kanazawa ou a Ishii. Mas o que fez esse robô poder ser amigo delas? Justamente seu sistema que simula empatia, essa é a chave do negócio.
Também não acho que aquele robô específico seja capaz de se autorreplicar. Ele mesmo menciona que a maior característica dos seres vivos seria a capacidade de evolução, que para a máquina seria apenas um bug do sistema.
Claro que já há ficções científicas que abordam a capacidade robôs evoluírem e perpetuarem a sua espécie. E o que faz um ser vivo ser um “ser vivo”, no universo da ficção científica alguns autores dizem que é capacidade de sentir empatia, outros que é a capacidade de evolução ou ainda a mera reprodução para a perpetuação da espécia.
Deste último tipo impossível não citar Ghost in The Shell, onde há inteligências artificiais que buscam uma forma de gerar herdeiros semelhantes mas diferentes e não apenas cópias que estariam sujeitas à mesma decadência de seus predecessores. - Vinicius Marino
Acho que a “evolução” das máquinas já está bem perto. Se não no sentido de uma “singularidade” , ao menos de códigos adaptativos que “melhoram” seu funcionamento sozinhos. Isso já existe em alguma medida.
A empatia é algo mais difícil, sobretudo porque nós somos, paradoxalmente, bastante suspeitos para julgar esse tipo de coisa. Justamente por sermos empáticos, projetamos sentimentos em coisas inanimadas e “compramos as dores” de objetos que não sentem nada.
Sério, vejam esse gif e me digam se não ficam com dó do robô:
Isso para não mencionar os memes do rover solitário de Marte
Mudando um pouco de assunto, o que vocês acharam disso? Só eu pensei que o tal aquário se parecia com um chip?
- Diego
Não, eu pensei também, especialmente depois do seu comentário no episódio passado de como os túmulos também lembravam partes de um computador rs. Me pergunto se somos nós vendo demais ou se há ai algo que o anime está tentando dizer. Talvez na verdade todo esse mundo seja uma simulação de computador no maior estilo Matrix? (ok, não, mas digam se não seria legal? kkkkkkkk) - Fábio “Mexicano”
Eu acho que é como a autora imagina um mundo futurista – ou como ela quer criar um imaginário que nos faça ver isso e pensar “hei, isso é futurista!”
O que mais tecnológico do que circuitos, para uma pessoa comum? Então bora lá fazer tudo parecer circuitos para mostrar o quanto estão adentrando em uma região especialmente futurista do mundo!
Sobre empatia, falamos nela, falamos em inteligência artificial, mas não conseguimos realmente programá-la ainda. Conseguimos, e fazemos isso, produzir códigos e robôs que inspirem a nossa empatia, mas nossas criações estão muito longe de possuir empatia ainda, mesmo que uma versão bem primitiva. - Vinicius Marino
Falando em “visões de futuro”, essa é a primeira vez em que vemos robôs funcionantes, não é? O que vocês acharam deles, no que diz respeito ao design? Parecem estranhos – como o avião da Ishii uns episódios atrás, ou aqueles prédios no topo de estacas? Ou é algo que despertam alguma familiaridade?
Eu, pessoalmente, adorei a decisão de lhes dar uma “interface” completamente alienígena.
Muitas histórias de robôs os tratam como humanos feitos de metal, com “olhos” que interpretam a realidade tal como nós o fazemos – no máximo, com um overlay diferentão ou alguns números saltando na tela.
Quem lida com robótica ou programação, pelo contrário, sabe que isto é irrelevante. Não há razão para uma máquina “enxergar” o mundo como nós o enxergamos. Dependendo do seu propósito, há formas muito mais eficientes de processá-lo.
(Isso também me lembra a série Mass Effect, um dos poucos exemplos a fugir da regra. Em um dos jogos, ouvimos que as naves dos Geth, uma raça de robôs, não tem janelas porque são “fraquezas estruturais”. Não há razão para uma máquina querer observar o espaço da “janelinha”) - Diego
Acho que é a primeira vez que vemos robôs de forma geral nesse anime, funcionando ou não. E sobre o design deles, eu achei bem mais… normal, por assim dizer, que os prédios e o avião da Ishii, embora eles mantenham uma espécie de estética mais “esguia” que também aparece no avião.
Ah, mas sim, também gostei dessa “interface” dos robôs, especialmente quando usada na comunicação entre eles – afinal, não há necessidade nenhuma que robôs falem entre si rs - Fábio “Mexicano”
Tornar aqueles robôs estáveis deve ter sido um formidável desafio. Super magros e altos pra caramba. O grandão pelo menos tem pernas que se abrem para os lados, o que ajuda, mas no pequeno as pernas saem por baixo! O que será que ele faz se tombar pro lado?
De resto, achei divertido que eles se comuniquem com sinais de luz. E como o robô grandão parece ter implorado pela vida para a Yuuri antes dela explodi-lo. É complicado, ele estava apenas seguindo sua diretriz, não dá para enxergá-lo como um vilão. Qual a razão para o pequeno negar comida para as garotas? Nenhuma também, e nesse caso não achamos que ele foi um vilão, pelo contrário, como a Yuuri acabamos criando um “laço” com o peixe. - Gato de Ulthar
Eu gostei bastante do modo que retrataram os robôs, tanto a “visão” deles como o design. Como o Vinicius bem disse, sempre estamos acostumados a robores muito humanoides, mas a variação é bem bacana também.
E outra coisa, eu acho que as meninas tiveram que decidir qual ser vivo proteger, já que pelo que entendi, elas consideraram os robôs vivos. O robô gigante representava uma ameaça ao peixe e ao robozinho, o qual ficaria sem funcionalidade e perderia seu objetivo de vida.
Além da questão matemática, de que seria melhor ajudar dois a sobreviverem do que apenas o robo grandão, há a questão de que ele foi o agressor e que as meninas sentiam uma verdadeira empatia pelo robozinho e pelo peixe sem nadadeiras laterais. - Vinicius Marino
Uma coisa é certa: não vamos esquecer esse “debate” tão cedo.
E, com isso, ficamos por aqui! Até a próxima semana!
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