O Finisgeekis, Dissidência Pop, É Só um Desenho e Anime21 compraram um desafio. Toda a semana, até o final da temporada, teremos um novo quadro a vocês.
Depois das agruras do dia, cheio de escrita, pesquisa e trabalho, nós nos sentaremos para um bom café, uma poltrona confortável – e um bate papo sobre o melhor da temporada.
Peça uma xícara você também, e mergulhe conosco no terceiro episódio de Girls Last Tour:
- Vinicius Marino
Preciso confessar: Girls Last Tour está me fazendo engolir minhas palavras. Até esse ponto, achava que o anime ignoraria worldbuilding, reflexões filosóficas e continuidade narrativa. E eis que esse episódio nos traz todas essas coisas, logo na primeira cena! - Diego
O que mais me surpreendeu foi o anime manter uma clara continuidade narrativa. Depois do episódio passado eu estava pronto pra só termos histórias curtas sem muita ligação uma com a outra, mas fui surpreendido muito positivamente. Vou dizer que achei esse o melhor episódio do anime até aqui, e me deu novo ânimo para com a obra rs - Vinicius Marino
E agora temos um Made in Abyss ao contrário. Com duas garotas perdidas no fim do mundo, “subindo” as escadas em direção a um lugar melhor. Ou apenas “menos pior”. - Gato de Ulthar
Há mais gente então! Quando eu vi aquele cigarro logo no começo do episódio, foi impossível não ficar animado! Por sorte não era nada perigoso, já que o anime, por enquanto, protege as meninas ostensivamente.
Mas é como os outros já disseram, o anime não é apenas um slice-of-life com episódios episódicos, mas possui sim um mundo a ser explorada em uma trama que aparentemente começa a fazer sentido. No episódio passado já havíamos tido um vislumbre disso com o aparecimento do peixe. Só nos resta esperar o que as novas camadas mostrarão. - Vinicius Marino
Quando vi o elevador tombando lembrei de você, Cat. Acho que sua previsão foi cumprida: elas REALMENTE estão sendo testadas psicologicamente, ” pero sin perder la ternura” - Fábio “Mexicano”
Eu fui o único que quando vi a vala e as garotas reclamando que não encontravam ponte alguma, logo pensou em derrubar alguns daqueles prédios pra fazer de ponte? Eu juro que pensei nisso.
Sobre expectativas, o que posso dizer é que quando vi imagens soltar do episódio pela internet fiquei preocupado, afinal para o que eu conhecia de Girls’ Last Tour até então haver outros seres humanos tinha muito mais chance de ser um problema do que uma solução. Mas no final das contas aquele sobrevivente que elas encontraram não afetou em nada o que foi construído até então – pelo contrário, só melhorou. - Vinicius Marino
Esse episódio foi um divisor de águas. Daqui para frente, absolutamente tudo está na mesa. Que outras pessoas elas irão encontrar? Que relíquias de outras épocas cruzarão seus caminhos? Será que existe ainda uma sociedade humana, batalhando para existir nos níveis superiores? Será que ela trará perigos às nossas heroínas? Será que a guerra de que participavam voltará para assombrá-las?
Estou mais ansioso pelos próximos episódios do que em qualquer momento até agora. - Fábio “Mexicano”
E quando for o caso, tem uma liçãozinha no episódio, como foi o caso desse, mas sem soar jogado na nossa cara. Pelo quê nós vivemos? Pelo quê Chito e Yuuri vivem? Nem elas devem ter se dado ao trabalho de pensar nisso, nem o anime explicou, mas mesmo assim acho que ficou claro que “a coisa” que elas possuem e que elas absolutamente precisam para continuar vivendo é uma a outra. - Vinicius Marino
É uma estrutura parecida à de Kino no Tabi. Pequenos encontros que forçam as protagonistas a ver o mundo de outra forma. - Fábio “Mexicano”
Pelo menos a Yuuri só ameaça, não sai atirando em tudo e todos - Gato de Ulthar
Curioso também o trabalho do cara em mapear aquele mundo. Fiquei realmente triste quando ele perdeu a pasta dele com os desenhos dos mapas!
Mas eu torço para que elas achem outros humanos menos amistosos, seria boa uma treta de vez em quando! - Vinicius Marino
Será legal ver o que acontecerá com a Chito nesse caso. Será que ela vai vencer sua resistência e arranjar uma arma? Ou passará a contar com a Yuuri como proteção? A Chito possui alguma habilidade para sobreviver no pós-apocalipse, além de ser leitora do Ryunosuke Akutagawa ? - Diego
Como assim ler livros não basta pra sobreviver ao apocalipse?! Fui enganado!
Mas brincadeiras de lado, também espero que futuramente elas encontrem pessoas não tão amigáveis. Até mesmo para que o anime consiga manter uma sensação de tensão a cada encontro, antes de sabermos se a pessoa será amiga ou inimiga. - Fábio “Mexicano”
Acho que a maior tensão possível seria encontrarem algo ou alguém que tentasse separá-las – e que fosse mesmo uma tentação forte. - Diego
Talvez, mas não vejo como isso poderia acontecer. Nenhuma das duas tem motivo para NÃO ir com a outra caso alguma decida ficar em algum lugar. Só se forem proibidas de ir juntas, mas seria preciso uma ótima explicação para uma regra do tipo - Fábio “Mexicano”
No primeiro episódio não achei que estivesse tão no futuro. No segundo não achei que houvessem outros sobreviventes. Esse anime já mostrou que é capaz de me surpreender. - Gato de Ulthar
Tem uma coisa também, elas são muito ingênuas e facilmente enganáveis. Tudo bem que a Yuuri ficou um tempo apontando a arma para o cara, mas ele podia ter intenções muito pouco sadias em relação a elas, e só estivesse esperando ter a confiança delas. - Vinicius Marino
Concordo. Uma nova personagem pode provocar um “triângulo amoroso” (ou nem tão amoroso). O anime já deixou claro que a Chito e a Yuuri tem muito pouco em comum além do fato de estarem presas no mesmo barco. Se surgir uma fagulha de discórdia e alguém com que uma delas se identifique mais, elas podem ficar tentadas a se separar.
Isso me lembra do meu anime favorito, Noir, em que também vemos duas protagonistas (convenientemente loira e morena) jogadas num Apocalipse de outra natureza. Em dado momento, suas diferenças ficam fortes demais e elas tentam se separar – com resultados bem sérios. - Fábio “Mexicano”
Querem reclamar um pouco do aspecto técnico? O 3D do veículo se movendo ficou horroroso. Não só isso, mas usaram exatamente a mesma animação (inteira, com o fundo e tudo) duas vezes. Essa aqui:
Qual foi a primeira e qual foi a segunda “cena”? São duas diferentes, eu juro! - Vinicius Marino
Esse veículo em CG está me incomodando desde o primeiro episódio. Quer dizer, incomodando em termos. Como ele aparece (relativamente) pouco em movimento, consigo suspender a descrença. - Fábio “Mexicano”
No primeiro episódio me incomodou menos. A cena mais escura favoreceu. Nesse, além de tudo, foi usado duas vezes quase em sequência, em dois lugares que deveriam ser diferentes - Gato de Ulthar
Nem me incomodo com isso, fiquei mais distraído com a dificuldade delas subirem os escombros do prédio. Eu fiquei realmente com medo de que a estrutura se partisse ao meio e a ponte caísse…. - Fábio “Mexicano”
Sobre isso, me perguntei porque não tentaram ir por dentro. O prédio era bem alto, devia ter uma estrutura como um poço de elevador, sei lá. Se bem que, ok, depois da demolição talvez fosse mais perigoso ir por dentro do que por fora, apesar de ter sido bastante inconveniente subir, especialmente com um veículo. - Diego
Sobre o CG, eu digo que mal percebo no veículo, mas acho gritante quando é usado na personagem rs. Já sobre ir por dentro, imagino que seria bem mais difícil de atravessar. Claro, talvez tivesse um fosso de elevador, mas primeiro que esses fossos raramente ultrapassam o telhado da construção (essencial para elas chegarem ao outro lado), e em segundo existia a possibilidade bastante real de um fosso do tipo estar bloqueado por entulhos com a queda. - Gato de Ulthar
Eu não entendo de engenharia, mas eu nunca vi um prédio caindo daquela forma. Geralmente quando eu vejo prédios sendo derrubados com explosivos, eles implodem verticalmente. Não se como a estrutura aguentou a queda horizontal sem se partir. Mas vai saber né? Não sabe o que esperar de prédios de uma realidade diversa.
- Vinicius Marino
Em uma nota mais geral, quais são seus pensamentos sobre o mundo do anime, agora que sabemos (ao menos um pouco) da “verdade”?
Eu senti uma vibe Numenera, com civilizações construídas em cima de povos extintos, uma espécie de “era das trevas” no futuro distante. O fato das meninas não saberem o que é um peixe faz todo o sentido agora.
Também é um conceito que pode ser estendido infinitamente. Girls Last Tour acabou de mostrar que não precisa se limitar à sucata da Segunda Guerra. O que vocês mais esperam ver daqui para a frente? - Fábio “Mexicano”
Eu já tinha, no episódio anterior, imaginado que Girls’ Last Tour era uma espécie de fim dos tempos, de todos os tempos. É interessante pensar que talvez civilização depois de civilização talvez tenham escolhido construir para cima, ao invés de destruir e reconstruir de forma mais conveniente o que recebeu das anteriores. S
uperpopulação provavelmente ajuda a explicar. Mas creio que, mesmo antes dessa guerra (que talvez nem tenha sido uma grande guerra, pode ter ocorrido apenas no pequeno setor insignificante onde Chito e Yuuri moravam), a população mundial já havia entrado em franca decadência. Se todos tivessem morrido na guerra, o mundo estaria muito mais destruído e haveriam cadáveres por todos os lados, mas não é isso que se vê, então provavelmente já não havia quase ninguém no mundo desde o começo. - Gato de Ulthar
Girls Last Tour é um mundo de camadas. A progressão das meninas nestas “camadas” marca o andamento da história. Não duvido que os próximos níveis da cidade sejam ainda mais bem desenvolvidos. Quem sabe lá no topo mesmo há uma elite sobrevivente da humanidade? Também acho relevante o fato de que elas já viviam em mundo decadente onde nem animais havia. Num mundo onde não há mais animais, os seres humanos não parecem ter um futuro muito bom?
O que eu pretendo ver daqui para a frente? Bem, eu quero mais desenvolvimento do mundo, mais desenvolvimento das meninas, problemas sérios para elas enfrentarem (até agora elas não tiveram nenhum problema verdadeiramente sério), e um pouco de drama além do slice-of-life apocalíptico. - Diego
Eu me pergunto se existem mais andares para cima. A abertura parece mostrar, ainda que de forma bastante abstrata, pelo menos uns 3 níveis, mas como não sabemos em qual nível as garotas começaram pode muito bem ser que tenham atingido o último já. Ainda assim, o que eu espero são mais episódios como esse, explorando o mundo, as motivações das personagens, e lançando alguns questionamentos legais de se pensar a respeito. Tendo isso, já me darei por satisfeito. - Fábio “Mexicano”
Passando do mundo vasto para a pequenez humana, acho que vale destacar o character design. A Chito e a Yuuri são, como já disse várias vezes, feitas de gelatina. Ao encontrar outro ser humano no mundo, um detalhe se sobressai: ele não é feito de gelatina. - Gato de Ulthar
Pois é, só as duas são “blobfish”. Efeitos da radiação? Brincadeiras à parte, acho que isso deve ter um significado, talvez para ressaltar a juventude dela. - Vinicius Marino
Pequenas blobfish na vastidão da sociedade humana.
E, com isso, acho que tenho minha resposta. Espero ver o contraste dessas duas com seu meio. Não só físico, mas também espiritual, na medida em que elas reencontram um mundo que achavam perdido.
E com isso nos despedimos. Até a próxima, pessoal!
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