Na semana passada falei de Charlotte e de seu criador, Jun Maeda. Compositor de formação, Maeda é famoso pela verve musical de seus animes, os quais muitas vezes contam com canções escritas por ele mesmo.
Insert songs, como o nome já diz, são canções tocadas no meio de episódios. Elas podem ser músicas incidentais ou performances propriamente ditas, tal como as da banda ZHIEND em Charlotte. Se há tempos produtores aprenderam a investir em melodias chamativas para seus openings e endings, alguns criadores perceberam que incluir canções ao longo da série poderia levar seus animes a um novo patamar.
Essa é uma lista de 18 animes cujos criadores tiveram essa sacada. Sozinhos, eles já seriam ótimos exemplos de seus gêneros. Acompanhados por suas canções, no entanto, eles se tornaram alguns dos títulos mais marcantes de suas temporadas.
18) God Knows – A Melancolia de Haruhi Suzumiya
Essa é batida, mas não dá para falar de insert songs sem inclui-la. Haruhi Suzumiya foi a série que deu as linhas para uma geração inteira de animes, e na música não foi diferente. Ela pode não ter sido a primeira produção a incluir um show no meio de um episódio, mas foi a responsável por levar a prática à moda. Sem God Knows, é pouco provável que tivessemos Dead Girl Monster ou ZHIEND.
17) For You – Shigatsu wa Kimi no Uso
Como todo anime de música clássica, a maior parte da trilha de Shigatsué composta de peças eruditas. Isto não impediu que sua trama, um dos destaques da vibe “feels” dos últimos tempos, não contasse com composições modernas.
O insert song For You é uma delas. Uma canção doce e melancólica, tal como a relação de Kousei e Kawori que acompanhamos ao longo dos episódios.
16) Heaven’s not Enough – Wolf’s Rain
Wolf’s Rain é um misto de conto de fadas com ficção científica pós-apocalíptica. Após o colapso da civilização, uma matilha de lobos busca uma flor que os levará ao paraíso.
O enredo fora de série só tem páreo na trilha, assinada pela Yoko Kanno, compositora de Cowboy Bebop. O anime está repleto de canções – uma das quais interpretada pela nossa Simone – mas é Heaven’s not Enoughque rouba a cena. Apresentada logo no primeiro episódio e repetida ao longo da série, ela nos lembra a todo momento da tristeza do mundo destruído e da determinação dos lobos ao buscarem uma razão para a vida.
15) Servante du Feu – Sora no Woto
Sora no Woto é um anime frequentemente comparado a K-ON! Entre outras coisas, isso significa dar um grande destaque para a música.
Mesmo aqueles que não gostam de moe não têm como negar a qualidade de seus valores de produção. De referências ao Pássaro de Fogo de Stravinsky à ambientação em uma cidade baseada na histórica Cuenca, na Espanha, a série é simplesmente um primor. Não é exatamente uma surpresa, portanto, que logo no primeiro episódio ela nos entregue uma bela canção em francês – talvez a última coisa que esperamos ao assistirmos animação japonesa.
14) Ai no Senshi – Sailor Moon
É impossível fazer qualquer lista sobre animes marcantes sem incluir Sailor Moon. A série é não apenas a mãe do gênero shoujo, como foi responsável por popularizar a animação japonesa ao redor do globo nos anos 1990.
Assim, não é de se espantar que conte com um dos mais famosos insert songs de todos os tempos. Ai no Senshi é uma excelente canção, com uma pegada upbeat que combina perfeitamente com a série. Mais do que isso, em um anime de cenas de luta relativamente estáticas, a sequência do episódio 68 foi de cair o queixo.
Que ela pôde ser feita do jeito que foi é quase um milagre. Sailor Moon pertence a outra época, em que animes tinham orçamentos limitados e a produção optava pela quantidade em vez da qualidade. Muitos de seus episódios eram mal animados, e seuopening, MOONLIGHT Densetsu, era muitas vezes tocado nos episódios para evitar despesas com insert songs. A decisão de incluir não apenas uma faixa nova, mas um clipe inteiro para acompanhá-la foi por si só uma ousadia. Felizmente, bem recompensada.
13) Ki ni Naru Aitsu – Cardcaptor Sakura
Pode ser fanboyismo da minha parte, mas acho incrivelmente difícil escolher uma única canção para Sakura. Fugindo do óbvio, do “formal” e do kawaii, fico com Ki ni Naru Aitsu.
Trata-se do insert song do episódio 57, em que Sakura e seus amigos vão a uma exposição de ursos de pelúcia, e Shaoran finalmente admite a si mesmo que está apaixonado. Em outras palavras, este episódio:
A canção é interpretada pela própria seiyuu do Shaoran, e mereceu um clipe inteiro, na fórmula que Sailor Moon já havia testado. Nada mais digno para um dos momentos mais importantes da série.
12) Again and Again – Plastic Memories
A mistura de Chobits com A Partida pode não ser o anime mais cabeça de todos os tempos, mas acerta em cheio no quesito “feels”. Logo no primeiro episódio fez marmanjões chorarem com um clímaz tocante acompanhado por uma canção que poderia se tornar a definição auditiva de “bittersweet”.
Again and Again eventualmente tornou-se o hino de Isla e Tsukasa, integrando a trilha sonora nos momentos mais doces do casal.
11) D-City Rock – Panty and Stocking with Garterbelt
Panty and Stocking é uma série tão propositalmente “errada” que há quem até questione se é de fato um anime. Paródia politicamente incorreta do gênero mahou shoujo animado em estilo ocidental, à laMeninas Superpoderosas, a série é cruel no humor e não perdoa nada. Nem os insert songs.
Assim, é de certa forma extraordinário que a série nos tenha mostrado um dos melhores clipes in-episode de memória recente – e um dos mais espirituosos tributos animados ao rock das últimas décadas.
10) Dreamscape & You Are My Love – Tsubasa Reservoir Chronicle
Ok, aqui admitirei que estou roubando, mas por um bom motivo. Se escolher uma única canção é difícil para Sakura, é impossível paraTsubasa. Poucas séries de sua geração foram tão musicais. Yuki Kajiura, sempre um nome de peso, fez um de seus trabalhos mais longos e versáteis, com ampla colaboração de suas cantoras favoritas.
Para não dizer “todas”, decidi-me entre duas músicas, escolhidas não por serem melhores que as outras, mas justamente porque são muito diferentes entre si.
Dreamscape faz homenagem ao espírito fantástico e exuberante dos primeiros episódios, em que a excitação com os universos paralelos que Shaoran e seu grupo descobrem só não é maior do que a de rever personagens consagradas da CLAMP.
You Are My Love por sua vez, é a faceta melancólica, dos momentos de nostalgia e tristeza. É também um lembrete aos espectadores que a série logo logo perderia sua vibe “alegrinha” e tomaria rumos negros. ApósTokyo Revelations, nada mais seria como antes.
(A parte 2 será publicada semana que vem)
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